segunda-feira, 16 de novembro de 2009

o Ogro

Apesar de ter o dobro da minha idade, a pele ainda possuia uma elasticidade fora do comum, a genética havia sido muito generosa com ele; o ar jovial e espirituoso também o remetiam a uma faixa etária mais baixa. O rosto completamente redondo, como uma maçã, marcado por um olhar penetrante. Aqueles olhos imensos; duas enormes bolas de gude saltando duma esfera alongada, como o sol se pondo no final do horizonte; no entanto quando se enfurecia, seus olhos pareciam saltar do globo ocular, esbugalhados, dois faróis direcionados para ofuscar a vítima. Sua expressão chamava muita atenção, olhar firme, decidido, autoritário, dominador e principalmente provocador. A cabeça sempre permanecia um pouco inclinada para o alto, dando um aspecto de superioridade. Os cabelos eram lisos, ondulados levemente nas pontas, formando curvas desalinhadas por toda cabeça numa rebeldia inata. Seu perfil era suavemente de um prognata, entretanto tinha mais características de um aristocrata. Os dentes enfileiravam-se em perfeita harmonia, com tamanhos semelhantes parecendo ter acabado de sair de um molde de um ortodentista. Os incisivos eram brancos, mas os caninos eram amarelados pelo descuido da escovação. O sorriso era malicioso e demonstrava sempre um raciocínio rápido, uma sagacidade e uma grande satisfação pela vida. Seu tronco era grande e largo, a protuberância da barriga se assemelhava a uma bola de basquete, sustentada por duas colunas bem formadas e robustas num ângulo obtuso, até chegar aos pés, direcionados como flechas para os lados, num formato de um relógio marcando dez e dez. Era simplesmente um gigante atraente e acolhedor.

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